Detalhes

Difícil falar sobre o tempo.
Muitos já tentaram e chegaram bem perto.
Eu mesmo já tentei, e hoje arrisco mais uma vez.
Relatividade: é essa a palavra.
O que pode ser a cura para alguns,
para outros é o suicídio.
Dias, meses.
Razão suficiente para que a acomodação venha.
Horas, minutos.
Suficiente para viver momentos intensos,
que valem mais que um ano inteiro.
Tudo é relativo.
Como então eternizar aquilo que nos é forte?
Como evitar que um relacionamento caia na rotina?
Como não deixar que a saudade vire uma lembrança vazia?
Difíceis perguntas, improváveis respostas.
Ousadia tentar respondê-las.
Mas, a ousadia e a pretensão são doses necessárias na vida de todo poeta.
Claro, misturada com impulsividade e muita imaginação.
O amor.
Outro tema batido e piegas.
E outro questionamento:
O que seria dos poetas sem o ridículo óbvio do amor?

É o amor que cura as feridas, e não o tempo.
Perto, o tempo passa rápido demais e traz o perigo da rotina.

Longe, ele se arrasta, trazendo a saudade.
As histórias de amor e de amizade sobrevivem ao tempo.
Nem que seja somente em lembranças, fotos e cartas.
As histórias de almas gêmeas vão além.
Nascem das lembranças de um passado desconhecido.
As almas seguem jornadas diferentes até o dia do encontro.
A partir daí, um novo início para o tempo, antes eterno.
Presente e futuro certos.
Juntas pelo tempo, mas separadas no espaço.
Conversas soltas no tempo é uma reunião de pensamentos desconexos propositalmente.
É a fuga do cotidiano palpável, das coisas rotineiras.
Cazuza uma vez disse que a vida pode ser resumida em apenas 5 minutos.
O resto são detalhes.
Um sorriso, um abraço, uma lágrima que cai.
Talvez o mais importante quando recorremos à memória.
Ninguém eterniza os momentos repetidos, o comum poucas vezes atrai.
Ofereço à minha metade todos os meus dias transmutáveis.
Viva o dia-a-dia dessa louca junção de reflexos.
Fragmentos inexatos de segundos, horas, dias e meses.
Números, datas e horas.
Dias e noites